O movimento não é novo, basta lembrar do slogan da Dove criado em 2003: ‘Real Beleza’. Na época, e justamente por ter um caráter publicitário e privado, isto é, visava a promoção do consumo por meio de conceitos socialmente aceitos, foi muito bem recebido pela imprensa e, a contar pelos números expressivos de produtos vendidos e a repercussão e notoriedade da marca, também pelo público final ou consumidor.
Hoje, essa ‘real beleza’ sai das mãos da publicidade e da marca e vai para as mãos do sujeito que, além de consumidor, também é produtor; não de bens, claro!, mas de conteúdo. E, diante da praça pública que hoje chamamos de internet e seus mecanismos de comunicação em rede, ele divulga seus trabalhos, expressão máxima do artista contemporâneo: o avatar criado pra interagir na esfera virtual disponibiliza sua galeria com entrada gratuita para todo o mundo. E o tema que percorre essas diversos espaços, ainda hoje, continua sendo a ‘real beleza’, não mais de ‘mulheres reais’ mas de ‘personagens (digamos) mais realistas ou condizentes com a realidade’. Se antes a publicidade tentou personificar a beleza através de anúncios de mulheres fora dos padrões hegemônicos de beleza: nem tão branca, nem tão magra, nem tão alta. Hoje, os artistas de nosso tempo estão buscando representar a realidade através de personagens fictícios que possam representar a realidade. Foi o que aconteceu com a transformação das Princesas do Universo Disney: agora podemos vê-las gordas, cadeirantes ou até super sexualizadas.
Talvez essa seja uma forma de tentar entender a diversidade não como sinônimo de diferença, mas, sim, como um ‘valor’ na medida em que o foco do debate deve ser a percepção, a reflexão e a atuação sobre os mecanismos sociais que transformam a diferenças em desigualdades.
E nada melhor do que o ‘corpo’ como sistema de mediação para a construção dos processos comunicacionais. Segundo Harry Pross (1971) o corpo é o primeiro meio de comunicação do homem, em sua ação evolutiva, nos diferentes tempos e espaços em que convive entre outros corpos. No caso das princesas, a imagem do corpo carrega significados que podem e devem ser refletidos em seu contexto atual na intenção de promover não mais produtos, mas ideias a partir de identidades menos hegemônicas e mais plurais.
Referências:
PROSS, Harry. Medenforschung. Darmstadt: Carl Habel, 1971.
Revista Trip: Revista Trip - http://revistatpm.uol.com.br/so-no-site/notas/a-rebeliao-das-princesas-da- disney.html - 07.02.14
Petição online: http://www.change.org/pt-BR/peti%C3%A7%C3%B5es/the-walt-disney-company- make-plus-size-princesses-in-disney-movies - conta com 36.149 assinaturas.