Na época da Revolução Industrial (séc. XVIII) o mundo vivia o paradigma Iluminista, onde o ser humano encontrava-se no centro de todas as transformações.
Hoje, me parece, vivendo o paradigma pós-Modernista, o homem continua no centro, só que não mais do mundo, mas do seu próprio ego. A necessidade não é mais transformar aquilo que esta fora (o mundo, a sociedade, a coletividade), mas aquilo que está dentro (o eu, a subjetividade que identifica e diferencia um do outro).
Neste cenário, a economia da informação e comunicação faz surgir um novo corpo. A vitalidade não está mais encerrada nos processos biológicos, mas na virtualidade da vida, criando um novo poder de metamorfose e criação. É na capacidade de influenciar e ser influenciado que estão os fundamentos das novas formas de cooperação.
Esse novo corpo, menos ideal e mais idealizado, se mostra para além dos seus aspectos físicos. E isso tem nome: ‘selfie’. Termo que agora se integra a nossa linguagem e (tenta) traduzir novos modos de ser e conviver socialmente.
Mas será realmente novo? O ‘selfie' de hoje não é o ‘autoretrato’ de ontem? Exatamente nesse ponto que podemos perceber o ‘espírito do tempo’ e como a linguagem se adequa a ele. A resposta para essa pergunta é ‘sim’ e ‘não’. 'Sim', o modo de fazer, guardadas as devidas proporções tecnológicas é a mesma, e 'Não', o modo de pensar, ou seja, os propósitos são outros e muito mais complexos do que simplesmente o estranho fenômeno onde o fotógrafo que faz a foto é também o objeto da foto.
Embora a visão aponte para a impressão de que a categoria de subjetividade de nosso tempo vacila e perde consistência, na raiz de todo o processo está o desejo demasiadamente humano de felicidade, num processo de construção de sentido potencializado pelas novas tecnologias e externado nos modos de ser e estar no mundo.
Referências:
Nova Máquina da Sony KW1 (Selfie)
http://www.sonystyle.com.cn/products/cyber-shot/dsc_kw1.htm
Moleskine Self Publisher
http://www.moleskine.com/br/
Livro: Passado Futuro: contribuição à semântica dos tempos históricos. Reinhart Koselleck.