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A saudabilidade da Mídia e a salubridade da vida.


Esta semana mais uma vez vemos o mercado perder o controle sobre seu público. O cenário, como não poderia deixar de ser, é o da comunicação mediada. Obviamente sabemos que esse processo inclui os três elementos básicos – emissor, mensagem e receptor -, mas que, na atual sociedade, implica um sistema que, baseado em rede, torna complexo qualquer manifestação da linguagem.

Assim, um caso exemplar e recente é a campanha atual da Perdigão que trouxe o casal Angélica e Luciano Huck (celebridades midiáticas) como protagonista de produtos ‘embutidos’. A escolha dos personagens foi feita com base em características como ‘dona de casa moderna ideal’, ‘família ideal’ e ‘convivência social e amigos ideiais’. Via de regras, essas seriam as características que aproximariam o consumidor da marca. Qual não foi a surpresa quando, logo após sua divulgação, houveram inúmeras manifestações contrárias e críticas ao comercial. E o motivo: ‘a protagonista – Angélica – sempre apregoou na mídia a ideia de que tinha uma alimentação saudável para garantir sua boa forma’.

Neste cenário, algumas coisas são interessantes de notar e que, embora pareçam distintas, na verdade, acabam por manifestar um discurso ‘politicamente correto’. Vamos a elas: primeiro, a ideia de verdade e invulnerabilidade da mídia. Desde que a comunicação publicitária se graduou na disciplina de ‘storytelling’ muitas histórias foram criadas sem a preocupação com os fatos. Vale lembrar que isso não é um fenômeno publicitário, mas no discurso midiático como um todo. Segundo, o paradigma da sociedade em rede. O acesso a informação, ainda que seja feito em diferentes níveis de participação, inclui o consumidor como personagem ativo da comunicação e isso, definitivamente, leva a perda de controle total da mensagem. E, por fim, a alteração quanto ao fenômeno do consumo que, diferente da uma era voltada para a produção de bens, passa para uma esfera dos serviços, onde a experiência se torna moeda com alto valor de troca. Isso tudo entrelaçado por uma tecnologia que se configura como cultural (comunicação) e cognitiva (informação).

A partir daí, fica mais claro entender que o status do consumo não se altera, o que acontece são formas de consumir permeadas por paradigmas de nosso tempo. A discussão não está na preocupação com as formas de produção do mercado e sim sobre a comunicação que este evidencia. Portanto, antes de procurarmos a verdade por trás do discurso [saudalibilidade da mídia], até porque esse seria o caminho mais difícil e estéril, poderíamos pensar nos modos de produção de um mercado que, parece, não leva em consideração outra coisa a não ser o lucro [salubridade da vida].

Tanto saudabilidade quanto salubridade se referem ao mesmo tema, porém com modelos mentais diferentes.

Esta semana mais uma vez vemos o mercado perder o controle sobre seu público. O cenário, como não poderia deixar de ser, é o da comunicação mediada. Obviamente sabemos que esse processo inclui os três elementos básicos – emissor, mensagem e receptor -, mas que, na atual sociedade, implica um sistema que, baseado em rede, torna complexo qualquer manifestação da linguagem.



Fontes: Meio e Mensagem e Adnews.


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