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Somos o que comemos?


Por que o Mc Donald’s fez tanto sucesso quando surgiu e hoje, passado apenas uma década, o modelo de fast food entra em declínio?

A febre do fast food parece ter desaparecido do cardápio. O fato das pessoas comerem fora de casa [passamos de 40% em 2003/04 para 62,7% em 2008/09]* não significa que querem comida rápida e pouco saudável. Esse é o levantamento da pesquisa ‘Brazil Food Trends 2020’**, que mapeou as tendências mundiais de consumo de alimentos. São elas:

  • Sensorialidade e Prazer: valorização da gastronomia e da harmonização entre alimentos e bebidas valorização de ingredientes regionais.

  • Saudabilidade e Bem-estar: maior preocupação dos consumidores com a nutrição e com o estilo de vida mais saudável.

  • Conveniência e praticidade: demanda por produtos que permitam a economia de tempo e de esforço.

  • Confiabilidade e Qualidade: demanda por produtos seguros e de qualidade atestada, com valorização da garantia de origem e selos de qualidade.

  • Sustentabilidade e ética: preocupação com meio ambiente e com a possibilidade de contribuir para causas sociais.

Este estudo revela muito da mudança de hábitos e comportamentos da população nos dias de hoje. Por exemplo, ‘saudabilidade’ é uma palavra recente, derivada de saúde que, pensando em alimentação, significa o básico para se manter vivo. A sociedade atual, distanciando-se das necessidades mais básicas, precisava justificar um estilo de vida saudável que garantisse o bem estar, não apenas vinculado a saúde física, mas também a saúde mental. Outra questão interessante é a da 'qualidade', que agora vem acrescida de outras premissas como a sustentabilidade e a ética. A confiança no alimento não mais está atrelada a sua função, que seria a de ‘alimentar’; mas também a sua origem e seu propósito: condições contemporâneas do que chamamos de confiabilidade.

Neste sentido, nossa disposição também não está mais em alimentar o corpo para que este possa desenvolver suas potencialidades; e sim naquilo que podemos contribuir, através da alimentação, para as pessoas ao nosso redor e ao planeta.

Sim, somos o que comemos.

O exemplo do McDonald’s não foi por acaso, um dos símbolos do capitalismo mundial e do imperialismo ianque está passando por um período de declínio. Fundada num único estabelecimento, em 1948, a ênfase da rede de fast food no serviço rápido e no cardápio padronizado ajudou-a a se expandir para mais de 35 mil endereços em todo o mundo***. Mas agora perdeu o brilho e as vendas globais estão em queda. O que deu errado? Escândalos de vigilância sanitária, baixo nível de personalização e serviço parcial de atendimento nas mesas. Sem contar a ‘saudabilidade’ questionada de seus produtos.

O gordo McDonalds agora sofre bullying. Além de não se adequar aos padrões estéticos atuais, não consegue, devido ao peso do passado, se adequar as caminhadas cada vez mais freqüentes do presente. Ninguém quer ficar esperando por ele. A falta de opção e a novidade fizeram, no passado, que muitas pessoas aderissem ao seu cardápio padronizado e com atendimento rápido, sem contar que a sociedade massiva era uma realidade que ‘alimentava’ fortemente o mercado. Hoje, a sociedade de massa deu lugar ao nicho, e neste, as empresas precisam se adequar. Os nichos querem opções customizadas, na tentativa de participar do ritual alimentar e poder compartilhar suas experiências nas redes sociais. Atire a primeira pedra quem nunca tirou uma foto do seu prato.

*[Fonte: GSMD. Um horizonte positivo para o food service. Disponível em: http://www.gsmd.com.br/pt/noticias/mercado-consumo/um-horizonte-positivo-para-o-food-service. Acesso em: 20/02/15].

** [Fonte: ECD Food Service. Brazil Food Trends 2020/ ECD, 2010. Disponível em: http://www.ilsi.org/Brasil/Documents/7%20-%20O%20mercado%20de%20Food%20Service%20no%20Brasil%20-%20Enzo%20Donna.pdf. Disponível em: 20/02/15].

*** [Fonte: Mundo Marketing. McDonald[s tem maior declinio de vendas dos últimos 10 anos. Disponível em: http://www.mundodomarketing.com.br/ultimas-noticias/32390/mcdonald-s-tem-maior-declinio-de-vendas-dos-ultimos-10-anos.html. Disponível em: 20/02/15].

Imagem: google. sedentário maratonista.

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